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Capítulo 2 – O Verdadeiro Começo

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  Capítulo 2 – O Verdadeiro Come?o

  Dois anos se passaram desde o acidente que tirou a vida do verdadeiro Eliah.

  Eu… tomei o seu lugar.

  No início, senti uma ponta de culpa. Mas superei.

  N?o havia nada que eu pudesse fazer quanto a isso.

  A única coisa que me restava a ele era uma promessa: farei tudo o que for possível para proteger seus — meus — entes queridos.

  N?o deixarei o mundo tirar nada precioso de mim. N?o de novo.

  Agora tenho oito anos.

  Desde o incidente, fui enviado para a mans?o da família Nyvar, no Reino de Vyrian, um dos territórios que fazem parte do vasto Império de Kandrya.

  Foi lá que comecei a compreender melhor a posi??o em que havia renascido.

  Meus pais — Darian Nyvar e Serenna Nyvar — s?o comandantes do exército de Vyrian há seis anos.

  Ambos sobreviveram ao ataque que destruiu a base de controle na fronteira, embora tenham saído gravemente feridos.

  N?o morreram naquele dia... Acho que estou feliz por isso.

  Eles vieram me visitar algumas vezes ao longo desses dois anos.

  Estranharam meu comportamento mais calmo, introspectivo e sombrio.

  Mas n?o levaram t?o a sério — atribuíram à pancada na cabe?a e ao trauma do ataque. O que, tecnicamente, n?o era mentira.

  Meu novo pai tem 36 anos. Minha nova m?e, 33.

  Ambos carregam o sobrenome de uma das famílias mais respeitadas de Vyrian: a família Nyvar, fundada pelo lendário general Darvin Nyvar, meu bisav? — considerado o maior guerreiro que este reino já viu. Detalhe: de acordo com os registros da família, o velhote viveu por 196 anos, algo que achei difícil acreditar no come?o.

  Aprendi muita coisa sobre este novo mundo nesses dois anos.

  Coisas que um dia teriam me parecido tiradas de um livro de fantasia... mas que agora s?o a minha realidade.

  Darvin Nyvar, em seu auge, atingiu o lendário estágio conhecido como Reino Marcial de Adepto do Khyros.

  O Khyros…

  Uma energia misteriosa, vital e poderosa.

  A fonte da for?a dos guerreiros deste mundo.

  Aqueles que dominam o Khyros superam os limites do corpo humano — quebram rochas com os punhos, correm mais rápido que cavalos e resistem a golpes que esmagariam qualquer pessoa comum.

  E é também o meu maior desejo.

  Minha sede de poder.

  Dominar o Khyros, torná-lo meu, crescer até me tornar alguém capaz de proteger o que tenho — e, talvez, um dia, recuperar tudo que perdi.

  Este mundo se chama Gaia.

  Até onde se sabe, há dois grandes continentes nele.

  O primeiro é o continente Seefir, onde estou.

  Uma terra marcada por alian?as frágeis, rivalidades antigas e uma tens?o constante à beira da guerra.

  Dividido entre três grandes impérios — Kandrya, Andalon e Calvaren —, cada um disputa território, prestígio e recursos, mantendo uma tênue estabilidade mais por necessidade do que por escolha.

  Além dos impérios, dois cl?s poderosos se destacam:

  


      


  •   O Cl? Aurenhart, lendário por seus guerreiros berserker — combatentes que enfrentam a morte com fúria e resistência sobrenatural.

      


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  •   E o Cl? Kareth, conhecido por seus guerreiros n?mades das laminas — mestres da velocidade, improvisa??o e percep??o agu?ada. Combatentes criativos, imprevisíveis e mortais.

      


  •   


  Por fim, dois reinos independentes sobreviveram à domina??o dos impérios — e n?o por sorte:

  


      


  •   O Reino de Varenth, protegido por dois adeptos do Khyros, sendo um deles alguém que alcan?ou o pico do Reino Marcial.

      


  •   


  •   E o Reino de Caelum, ainda mais temido, por abrigar três adeptos do Khyros — o suficiente para fazer até os impérios hesitarem antes de provocá-los.

      


  •   


  Essa é a estrutura instável, mas funcional, do continente Seefir — onde todos mantêm as armas afiadas, mesmo em tempos de paz.

  Pelo que observei nos mapas da biblioteca da mans?o, arrisco dizer que Seefir tem propor??es similares às da ásia, do meu mundo antigo.

  O segundo continente, Averun, ainda é pouco conhecido.

  Menor que Seefir, abriga dois impérios principais: o Império Gladesk e o Império Kaelthorne.

  Mas o nome que realmente se destaca — mesmo entre os mais poderosos — é o da família Drayven.

  Os Drayven s?o um cl? de assassinos temido em todo o continente.

  Dizem que seu líder atual também atingiu o pico do Reino Marcial de Adepto, assim como Darvin Nyvar em seu tempo de vida.

  Mas, ao contrário de Darvin, ele n?o serve a nenhum império.

  O poder da família é t?o intimidador que até os impérios vizinhos e reinos independentes evitam qualquer tipo de confronto direto com eles.

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  Mesmo sem um trono ou um território oficial…

  A sombra dos Drayven cobre tudo o que tocam.

  Mas o que os mantém acordados à noite n?o s?o os impérios, cl?s, bestas de khyros ou os poderosos no pico do mundo marcial…

  é a Corrup??o.

  Apesar das rivalidades constantes dentro dos dois continentes — entre impérios, reinos e cl?s — há algo que une todos: o medo da Corrup??o.

  Mesmo em meio a disputas territoriais e conflitos de influência, nenhuma dessas fac??es ultrapassa certos limites.

  Pois existe um inimigo que todos reconhecem como mais perigoso que qualquer rival político ou militar: os Corrompidos.

  Criaturas que um dia foram feras majestosas ou bestas de Khyros — agora reduzidas a cascas vazias e sedentas por sangue.

  A Corrup??o é uma infec??o misteriosa que contamina o Khyros dessas criaturas, destruindo suas mentes e transformando-as em monstros irracionais, guiados por um único instinto: matar tudo o que estiver vivo.

  E o mais assustador?

  A Corrup??o n?o se limita aos animais.

  Até mesmo humanos podem ser afetados. Até o guerreiro mais experiente e poderoso pode sucumbir, caso subestime essa for?a maldita.

  Por isso, mesmo com seus impérios orgulhosos, cl?s poderosos e fronteiras disputadas, todos sabem que o continente n?o pode se dar ao luxo de uma guerra total.

  Pois há algo lá fora — nas margens do mundo conhecido — que n?o vai lhes dar trégua.

  Algo que n?o deseja alian?as.

  Nem negocia??o.

  Algo que quer tudo o que ainda respira.

  E n?o vai parar… enquanto existir vida.

  Mas isso n?o me apavora.

  Me desafia.

  Eliah, o antigo dono deste corpo, foi treinado desde os três anos em combate — por meu pai, minha m?e e pelos instrutores da família Nyvar.

  Depois que assumi o corpo... levei o treinamento ainda mais ao limite.

  Treinei diversos estilos de combate.

  Dentre eles, os que mais me destaquei foram o Estilo Assassino e o Estilo N?made das Laminas.

  Mas nada disso bastava. Eu n?o queria ser bom em algo dos outros — queria algo meu.

  Ent?o... criei meu próprio estilo.

  Misturei os fundamentos de todos esses estilos e os moldes dos meus próprios instintos — criando uma forma de luta única, minha.

  E com isso, vou além do que Eliah jamais imaginou alcan?ar.

  Como portador de espada, Eliah já era considerado um gênio.

  Mas agora, com meu novo estilo de combate com laminas gêmeas, sou considerado um super gênio.

  Algo que deixou os membros da família em choque.

  Até meus primos mais velhos perdem em brilho.

  Eles atribuem minha sede por aprendizado ao acidente, como se algo tivesse sido "despertado" em mim depois daquilo.

  Se eles soubessem...

  Despertei meu Khyros há uma semana.

  N?o foi nada grandioso.

  Aconteceu durante o treinamento.

  Uma dor no peito.

  E ent?o, uma energia queimando dentro de mim.

  Ela se espalhou... viva, pulsante. Minha.

  Ha... finalmente.

  Depois de tanto foco, esfor?o e trabalho duro.

  Horas de medita??o, tentando sentir e direcionar o Khyros ao centro do meu peito.

  E agora... eu o tenho.

  é extraordinário.

  T?o extraordinário quanto andar e correr, depois de viver preso, paralisado, numa cama de hospital.

  Eu me sinto vivo.

  Pela primeira vez em muito tempo.

  Agora posso realmente come?ar.

  Dominar.

  Distorcer.

  Moldar esse poder até que ele seja só meu.

  Crescer.

  Crescer até o mundo se curvar.

  E tomar de volta tudo que um dia foi meu.

  Serei o dono do meu destino.

  O deus do meu próprio mundo.

  E ninguém — ninguém — vai me impedir.

  Agora estou a caminho do pátio de treinamento.

  Depois do despertar, fui enviado para a mans?o principal.

  Lá est?o meus primos e outros jovens afiliados à família Nyvar — filhos de famílias menores, que juraram lealdade aos Nyvar.

  N?o por medo.

  N?o por coer??o.

  Mas por respeito.

  Pelo meu pai.

  Pela minha m?e.

  Mas, principalmente, pelo meu bisav?.

  Darvin Nyvar — o pilar sobre o qual se ergue toda essa lealdade.

  Hoje, os filhos dessas famílias vassalas treinam junto com os filhos dos Nyvar.

  Todos se preparam.

  Todos sabem.

  A guerra n?o acabou. E nunca realmente deu trégua.

  Cheguei cedo ao pátio externo do sal?o.

  Meus pais já est?o lá.

  Chegaram há dois dias, vieram o mais rápido possível — assim que souberam do meu despertar.

  — Eli… como meu bebê cresceu, t?o lindo e forte, hehe.

  Minha m?e corre até mim e me abra?a com for?a.

  — Oi, m?e... urgh... n?o precisa me esmagar.

  Respondo, tentando manter o f?lego.

  Logo meu pai se aproxima, com o mesmo olhar severo de sempre — mas agora... há orgulho escondido ali.

  — Pirralho. Parece que está trabalhando duro. Ouvi muitas coisas sobre você.

  Ele me encara, sério.

  — Oi, pai. é, tenho treinado muito. Afinal... vou ser o mais forte. Logo logo vou ultrapassar você.

  Digo isso com um meio sorriso, e o abra?o de volta.

  *"Ah... essa intera??o... me lembra do passado.

  Pena que, agora, sorrir de verdade seja t?o difícil."*

  Penso com frieza.

  — Ehh... pirralho, continua sombrio como sempre, hein? Mas se pretende me ultrapassar... vai ter que treinar mais.

  Ele ri, quebrando sua fachada de sério, e me levanta com facilidade.

  — Sombrio? Olha quem fala!

  Minha m?e responde, rindo.

  — O comandante do cora??o de gelo, temido até pelos próprios soldados! Meu bebê puxou você, Darian!

  Ela suspira de brincadeira.

  Eu observo, quieto, por um momento.

  **Eles s?o meus.

  E eu… nunca vou deixar que o que é meu seja arrancado de mim, n?o dessa vez.**

  Enquanto interajo com meus pais, vejo pequenos fluxos de crian?as chegando ao pátio. Todas têm entre 8 e 10 anos — já despertaram o Khyros, assim como eu.

  Cada uma que passa por meus pais endireita a postura, colando os bra?os ao corpo, pernas juntas, e faz uma breve reverência respeitosa antes de seguir em frente. N?o é medo. é admira??o.

  Afinal, n?o é todo dia que se vê os líderes do exército de Vyrian de perto. Para essas crian?as, meus pais s?o mais do que comandantes. S?o lendas vivas.

  E n?o s?o só heróis para a nossa casa — mas para todo o reino. Modelos. Inspira??o. O tipo de pessoa que move outros a lutar, mesmo em tempos de desespero.

  Eles se despedem de mim com orgulho nos olhos e seguem para uma área elevada ao lado do pátio — um pequeno terra?o coberto, de onde poder?o observar os treinos. Caminho até o grupo reunido no centro do pátio externo, onde há um palco de pedra à frente, claramente usado para apresenta??es e comandos formais.

  Hoje, nós n?o somos só crian?as. Somos jovens guerreiros em forma??o.

  Somos doze, ao todo — quatro da família Nyvar, incluindo eu, e oito das seis famílias vassalos que juraram lealdade à nossa linhagem. Famílias menores, que seguem a casa Nyvar por respeito, por honra… e por tudo que meu bisav? fez por eles.

  N?o há medo ou submiss?o entre nós. Há um orgulho silencioso. Todos nós carregamos o mesmo desejo: nos tornarmos dignos do legado que nos foi deixado.

  E ent?o, os instrutores chegam.

  Três figuras sobem ao palco com passos sincronizados, como se cada movimento tivesse sido forjado por anos de combate. Dois homens e uma mulher.

  O primeiro a se apresentar dá um passo à frente. Tem cerca de (1,80) um metro e oitenta centímetros, corpo forjado pela disciplina, pele morena, cabelos curtos e uma cicatriz que corta a bochecha esquerda como uma assinatura cruel da guerra. Veste o uniforme padr?o da família Nyvar — vermelho escuro, com um broche marrom no peito, marcando sua posi??o.

  — Crian?as, sentido!

  Sua voz ecoa firme. Todos nós obedecemos em um segundo. Uma linha exata se forma. Silêncio absoluto.

  — Meu nome é Lutor. Mas a partir de agora, vocês me chamar?o de instrutor Lutor.

  Ele fala como um comandante. Sem espa?o para dúvidas.

  — à minha esquerda, instrutora Priah. à minha direita, instrutor Maicon.

  Ambos avan?am um passo.

  Priah é uma mulher alta, cerca de 1,80, com um corpo atlético e uma beleza fria, moldada por disciplina. Seus cabelos curtos emolduram o rosto sério — mas seus olhos entregam algo raro em guerreiros… Bondade. Fé. N?o fé cega — fé em nós.

  Maicon, o mais alto, tem por volta de 1,90, ombros largos e músculos que parecem esculpidos. Seu rosto é duro como pedra. Olhos escuros, profundos. A simples presen?a dele faz o ar ao redor pesar. Alguns ao meu lado engolem em seco. Outros desviam o olhar.

  Eu n?o. Eu encaro.

  Esse é o primeiro dia do novo treinamento. Um novo passo. E eu n?o pretendo ficar atrás de ninguém.

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