Prólogo – A Piada do Destino
“Cada ser tem um destino a cumprir.”
Essa é, sem dúvida, a piada mais cruel que já ouvi. N?o há ironia mais amarga do que acreditar que tudo faz parte de um plano — quando a única coisa que o "destino" fez por mim foi me deixar assistir, preso num corpo que n?o respondia, a destrui??o lenta da minha família.
Meu nome é Elijah Duarte. Filho de Ana e Sebastian Duarte. Meus pais eram o tipo de casal que parecia tirado de um conto de fadas moderno: inseparáveis, empreendedores, cheios de vida. Juntos, tiveram três filhos. Arthur, o primogênito. Eu, o segundo. Elena, a ca?ula — e o raio de sol em meu mundo escuro.
Nasci com uma doen?a rara. Meu corpo era uma pris?o: n?o me movia, n?o falava, n?o respondia. Eu era consciente, mas incapaz de demonstrar isso. Ainda assim, nunca me senti rejeitado. Meus pais me amavam. Arthur era meu herói. E Elena... ela sempre apertava minha m?o, mesmo que eu n?o pudesse apertar de volta.
Tivemos anos felizes, mesmo com dificuldades. Mas a felicidade tem prazo de validade quando o destino está determinado a brincar com as pessoas.
Meus pais morreram em um acidente na empresa que fundaram. Arthur, com apenas 19 anos, herdou tudo. As contas, os cuidados, a dor. Ele foi forte… até n?o aguentar mais. Aos 24, a depress?o o levou para o mesmo lugar onde nossos pais estavam. E a família já fragmentada se despeda?ou de vez.
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Fiquei só com Elena. Mesmo jovem, ela cuidou de mim com uma for?a que beirava o impossível. Me fazia sentir humano, mesmo quando eu me via como menos que isso. E mesmo com todo esse peso, ela cresceu, viveu, sorriu... amou. Estava prestes a se casar.
Mas o destino...O destino, essa entidade cínica, tirou também ela de mim.
Um acidente. Um carro. Mais um enterro.
E ent?o, restou apenas eu. Elijah Duarte. 30 anos. Um homem aprisionado em si mesmo. Sem voz. Sem família. Sem futuro.
Na cama do hospital, com máquinas respirando por mim, tudo que me restava era um desejo silencioso: "Por favor... me deixe partir."
E o destino, por fim, atendeu.
Meus olhos se fecharam uma última vez.
...
Ou pelo menos, era o que eu pensava.