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O hospital e o cão do inferno

  A floresta envolvia o velho Hospital de Gravemont como um caix?o de raízes. O luar mal conseguia tocar as paredes engolidas por musgo e ferrugem. Lena apertava o casaco contra o corpo, guiando o irm?o mais novo, Jamie, pela lateral do prédio.

  Atrás deles vinha Caleb Wren, o guarda florestal que ela contratara. Espingarda no ombro, passos pesados.

  — Só pra constar... isso aqui ainda é idiotice, tá? — resmungou ele. — Lenda urbana. Provavelmente um urso que fugiu de algum zoológico falido.

  — Só fa?a seu trabalho — Lena respondeu sem encará-lo.

  Caleb bufou, lan?ando um olhar para as janelas quebradas do hospital.

  Eles entraram. O cheiro de mofo e carne antiga impregnou o ar. As lanternas cortavam o breu com feixes tímidos. Cada passo era um sussurro no silêncio.

  — Escutaram isso? — Caleb parou, erguendo a m?o. — Vozes...

  Três. Uma masculina, baixa. Uma feminina, afiada. A terceira, mais jovem.

  Caleb seguiu o som e dobrou um corredor, encontrando três figuras. Trajes escuros, olhos atentos.

  — M?os pra cima. Quem s?o vocês?

  Kael virou-se lentamente, sem levantar a arma.

  — Ca?adores. Vocês deviam sair daqui.

  — Ca?adores do quê? Fadinhas? Lobisomens? — Caleb debochou, rindo sozinho. — Me poupe.

  — Isso é sério — disse a mulher ao lado de Kael, Elara.

  Antes que mais palavras fossem ditas, um grito rasgou o corredor. Humano... mas n?o completamente.

  Caleb se virou e correu em dire??o ao som.

  Kael franziu o cenho, os olhos ficando mais atentos.

  — Vai morrer.

  No final do corredor, Caleb parou diante de um corpo caído. Destro?ado. Os olhos arregalados, congelados em puro pavor.

  Kael e os outros se aproximaram.

  — Isso n?o é um c?o infernal — murmurou ele. — Os cortes... s?o limpos. Como bisturis.

  Um som surgiu à esquerda. Algo rastejando.

  Caleb atirou. Um grito monstruoso respondeu.

  — Acertei! — ele disse, correndo atrás da criatura.

  Kael tentou alcan?á-lo, mas já era tarde. O grupo ouviu mais tiros. Um grito.

  E ent?o, nada.

  Silêncio.

  Kael diz — Essa coisa é um otimo ca?ador se n?o ficarmos juntos , vamos morrer um por um , dito isso vamos esperar até o amanhecer. E Ent?o eles foram até uma sala de manuten??o. Kael desenhou uma linha de sal grosso ao redor da entrada.

  — Isso vai nos dar algum tempo. O sal impede que ela entre.

  O grupo se organizou em turnos.

  Kael ficou no primeiro. O tempo passou, tenso, mas nada aconteceu.

  Elara assumiu. O silêncio persistia.

  Na terceira vigia, Darian — o mais novo dos ca?adores — sentou-se diante da porta. As m?os tremiam. Os olhos fixos no vidro fosco.

  The story has been taken without consent; if you see it on Amazon, report the incident.

  Ent?o... algo se moveu do outro lado.

  Um som viscoso. Como carne molhada sendo arrastada.

  Darian ergueu a pistola. Atirou duas vezes.

  Todos acordaram no susto.

  Kael foi o primeiro a levantar. Aproximou-se da porta. O sangue escorria por baixo... e onde tocava o ch?o, corroía.

  O sal come?ou a ferver. Fuma?a subiu.

  — O sangue... é ácido — murmurou Kael. — Vai romper a barreira.

  — Tem que ter outra saída! — Elara disse, em panico.

  Kael virou-se, quebrou o vidro lateral com um disparo. — Por aqui! Vamos!

  O grupo pulou e correu, guiado pelos corredores até uma antiga sala de ferramentas. Kael disparou mais uma vez contra a criatura que os seguia. Acertou. Ela recuou, mas n?o parou.

  Trancaram a porta. Kael passou sal na entrada, refor?ando o bloqueio.

  — Isso n?o é um c?o do inferno — disse ele, por fim. — é um Vharak.

  — O que é isso? — Elara perguntou, sem f?lego.

  — Experimento antigo. Criatura criada por dem?nios para ca?ar. E ela... evoluiu, se tornando um problema até mesmo pro dem?nios.

  — Vamos sair daqui e chamar refor?os , essa coisa é forte — diz Elara.

  — N?o podemos, essa coisa diferente de um c?o , ela se reproduz sozinha, por isso n?o saiu daqui ainda, temos que mata-la, antes que os ovos eclodam, pois dessa forma eles morrem — diz Kael.

  — Ent?o como matamos se prata n?o deu certo? — diz Darian

  — Quem disse que prata n?o funciona?, o sangue dela destrói tudo antes que a prata funcione.

  — Ent?o precisamos de algo que neutralize o ácido — disse Lena. — Algo básico, resistente. Eu consigo fazer algo.

  Kael assentiu.

  — Fa?am isso. Vou distraí-la. Encontramos no setor cirúrgico da ala leste.

  Ele saiu antes que alguém protestasse. Criou um rastro de barulho e fogo, usando sons metálicos, carne podre, armadilhas improvisadas. O objetivo: manter a Vharak ocupada.

  Enquanto isso, Lena preparava as balas. Revestimento químico para conter o ácido. Mistura básica com compostos isolantes. Criou três projéteis.

  — Uma pra cada ca?ador. — Ela entregou uma para Elara, outra para Darian.

  — Vocês v?o até o Kael. Jamie, vá direto pro ponto de encontro comigo. diz Elara.

  Separaram-se.

  Lena junto a Darian come?am a procurar Kael.

  — Por que você é ca?ador? — diz Lena.

  — Minha familia foi morta por demonios quando era crian?a, a organiza??o pega orf?os com passados parecidos e os treinam para ca?ar.

  Mas s?o interrompidos a Vharak notou algo. O plano. A movimenta??o.

  Lena e Darian foram atacados. No caos, ele gritou — FUJA VOU DISTRAI -LA.

  Lena correu e encontrou Kael. Entregou-lhe a bala.

  — Aqui! Toma! Ela me seguiu...

  Kael carregava a pistola.

  Porém a criatura seguiu Lena, o monstro percebeu que tinham um plano, come?ando uma fuga pelos corredores.

  Kael e Lena correm desviando de obstáculos até que... O som cessou e ent?o eles iluminaram o corredor e n?o havia nem sinal da coisa.

  Kael olha para o canto do corredor na parede, lá havia um duto de ventila??o aberto...

  Lena olha pra cima, e vê um duto bem acima deles...

  — Kael... a ... coisa...

  Olhos ambar, brilhando na escurid?o.

  A criatura com sua cauda perfura o peito de Lena e a puxa para cima.. Kael tentou puxá-la de volta com um disparo, mas errou. A Vharak agarrou Lena. Ela gritou, mas n?o resistiu.

  — Salva o Jamie...

  E desapareceu.

  Kael correu até a ala cirúrgica. Encontrou Jamie e Elara. Mal teve tempo de falar.

  Darian chega logo após.

  — Cadê a Lena? ela foi atras de você Ka...

  Com brutalidade a criatura perfura o peito esquerdo de Darian.

  Elara tentou atirar, mas hesitou.

  — Eu n?o tenho angulo! — gritou.

  Darian, ferido e ainda consciente, pegou a arma e arremessou com for?a.

  Ela deslizou pelo ch?o, raspando até parar perto de Jamie.

  A Vharak virou. Sentiu o cheiro da prata.

  Jogou Darian contra a parede e olhou fixamente ao Jamie que pegou a arma com a ultima bala.

  Ent?o em posi??o de ataque a criatura se prepara para avan?ar ate Jamie, mas antes de ataca-lo.

  Kael grita para ele.

  — JAMIE! AGORA!

  O garoto lan?ou a arma .A criatura percebendo o plano pula em dire??o a Kael.

  Porém algo acontece, a Marca come?a a brilhar em seu bra?o, e ele tem uma vis?o duas sombras uma maior, prendendo uma menor em seu peito. E simplesmente tudo some, voltando a realidade.

  Voltando a si Kael percebe que a criatura parece estar lenta a arma arremessada também, sem enteder ele apenas aproveita pulando em dire??o a arma, no momento em que ele a toca, o tempo volta ao normal.

  A criatura que havia pulado em sua dire??o se choca na parede, e come?a a se recuperar, quando ela olha para Kael com uma sede de sangue.

  Kael diz com as armas em m?os..

  — Fim da ca?ada, brinquedinho do diabo.

  Atirou.

  O disparo atingiu em cheio o cranio da Vharak. A criatura caiu, contorcendo-se em agonia até cessar todo movimento.

  Silêncio.

  Kael permaneceu de pé, a respira??o pesada. A marca no bra?o pulsava devagar, como se se alimentasse da própria luta.

  Jamie se aproximou.

  — Acabou?

  Kael n?o tirou os olhos do corpo.

  — Sim. Acabou.

  Horas depois, os primeiros raios do sol pintavam a copa das árvores. A floresta parecia mais leve, como se respirasse de novo.

  As portas do hospital se abriram.

  Kael saiu primeiro, carregando Jamie nos ombros. Elara vinha logo atrás, apoiando Darian.

  Eles n?o falavam.

  N?o era hora de falar.

  Kael parou no topo da escada de pedra e olhou para trás, para a sombra do hospital. Os pássaros haviam voltado a cantar.

  Ele ent?o virou-se para o grupo e disse, com um meio sorriso cansado:

  — Café da manh? por minha conta. Desde que n?o seja em hospital.

  E eles foram embora.

  Fim do capítulo.

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