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Capítulo 2: Uma história mal contada.

  Uma história mal contada

  O tempo passou, as lágrimas cessaram, os ventos se acalmaram e a neblina quase que totalmente se dispersou, demonstrando assim o local onde estavam; Um grande vale cercado por enormes montanhas com poucas árvores e arbustos entre as dunas de neve, ali n?o havia um único ser vivo além deles dois.

  A garota parou de acariciá-lo e desceu a m?o até seu ombro — Entendo ser difícil engolir tudo isso, mas se anime! — retirou as m?os do ombro — Esse n?o é o real fim da sua vida!

  Com o rosto inchado e os olhos um pouco avermelhados, ficou em dúvida sobre o que foi alegado.

  — Você deve ter algumas dúvidas, certo? — Ela riu sem jeito, sentiu-se desconfortável com o clima.

  — Todos que já passaram por aqui também fizeram as mesmas perguntas, porém as rea??es que tiveram foram bem diferentes, tipo, beem diferentes mesmo… — Com alguns trejeitos ao alongar a conversa em rela??o a situa??es passadas, tentou animá-lo e levou adiante a justificativa galhofeiramente.

  — Mas de qualquer jeito, devido às essas perguntas que tenho um dever, E esse é o meu trabalho! Guiar vocês que morreram!!! — Gesticulou em um ar de enobrecimento, juntou as m?os e apontou os dedos indicadores para ele — No caso, você!

  — Guiar? Eu?

  — Sim, Guiar! Hehe, eu… sou uma guia! — Animou-se e apontou para o próprio rosto.

  Alguns segundos após realizar aquela sorridente express?o. Levantou-se bateu e esfregou as m?os das coxas para baixo, retirou um pouco da neve presa no corpo e se afastou um pouco, junto a um pequeno rodopio, voltou o corpo a dire??o do garoto, olhou em seus olhos e seguiu com a explica??o.

  — Meu propósito como guia é o de orientar todos os que foram mortos de uma maneira n?o pacífica, aqueles que n?o conseguiram encontrar a paz pelo fim de seus tempos! uma morte natural, compreende?

  De certa forma havia entendido, porém ficou pensativo e ainda estava abalado, se recuperando de seu curto choque de realidade, por isso manteve-se em silêncio.

  — Ent?o... eu os guio pelos Caminhos Divinos! — Desconfortável, conteve o acanho e prosseguiu animadamente.

  — Os Incontáveis caminhos que nos foram dados pelos incríveis seres celestiais, tanto para vocês terráqueos, quanto para as outras infinitas ra?as poderem viver nesse Outro Mundo! — Com um olho meio aberto e com a sobrancelha erguida, apontou com o dedo indicador para cima.

  — Na verdade, s?o somente algumas op??es de como seguir o seu pós vida, mas eu tenho que apresentar dessa forma, ent?o... — encolheu o rosto e arqueou as sobrancelhas.

  A explica??o aos poucos adentrou a mente, porém notou haver algo estranho que ia em dire??o oposta a suas cren?as religiosas.

  — Calma lá, outro mundo? era para existir outro mundo além do meu? n?o era para existir um Paraíso? Céu? vida eterna? — Ergueu a sobrancelha e com os olhos abertos, ficou em descren?a e inclinou o rosto.

  — Seu? Paraíso? Está erroneamente enganado humano, seu mundo é só uma bola de terra entre muitas.

  — Oxe!? Como assim? n?o estou entendendo! ent?o realmente existe outro mundo? — levantou os ombros e desviou repentinamente o olhar.

  — Sim, t?o incrível que você sequer conseguiria imaginar e a “terra” nessa compara??o, n?o passa de um amontoado… de terra. — Completou com um tom ir?nico e um forte ar de desdém.

  O garoto desistiu de seus questionamentos e aparentou n?o crer no que ouviu, mas assimilou tudo e se manteve calado após a resposta.

  — Continuando. — O ch?o come?ou a tremer e a neve em seis locais numa horizontal linha reta atrás da garota, come?ou a se erguer, rapidamente caíram os amontoados de branco, dando espa?o a meio arcos em pedra, seis marcos cinzas, três de cada lado com um grande v?o no meio em que se encontravam, ali se formaram, nenhum deles contendo uma porta.

  — Mas que porra é essa!? — gritou apontando para as portas e inconscientemente se rastejou para trás.

  — Calma! calma, aqueles s?o os caminhos. — Chocada com a rea??o, quase se viu perdendo o foco, mas conseguiu retomar após alguns segundos que o garoto trepidante, entrou em silêncio novamente.

  — Bom, para ir para esse mundo, se tem que passar pelo crivo de alguns dos seres divinos que o regem, por motivos que n?o posso explicar, os deuses criaram caminhos que indiretamente interligam sua alma a eles.

  — Os deuses s?o bem complacentes com seus servos, n?o t?o bem quanto deveriam, mas s?o. — Pausou por um segundo e mostrou uma express?o de “fazer o que?” — Bom. — Tossiu — Um dos caminhos oferecidos por eles é se tornar um servo da escurid?o. — Quando completou a fala, o marco a sua esquerda come?ou a brilhar.

  Partículas violeta emanaram das bordas da estrutura, um som estridente veio à tona. A fagulha de igni??o de uma iminente explos?o se alastrou em uma espiral no centro e se criou com o “Boom” acompanhado do circular das partículas sobre o centro do marco, um portal.

  — Caaaaraaaaacaaaaa! — perplexo com o que acabava de presenciar, n?o teve tempo de raciocinar sobre a dúvida que aparecerá em sua mente, porém n?o foi em rela??o ao portal.

  — Você irá vagar entre as trevas, poderes inimagináveis estar?o a seu alcance e n?o precisará carregar consigo sua aparência e emo??es, se tornará um imortal que nunca irá regressar a o vazio, a menos que tente se aproximar da luz.

  Ela o contou sobre os diversos caminhos pelos quais poderia rumar, porém algo era inerente a ele quanto mais ela explicava, como dizia um velho ditado “Quem quer rir, tem que fazer rir”. Todos os caminhos eram maravilhosos de uma primeira vista, mas por trás das doces oferendas dos deuses, haviam armadilhas escusas; As oportunidades, quais foram lhe apresentadas por aquela Guia, acompanhavam uma enorme incapacidade de se opor àqueles que a alma, o querem.

  Desde a vida nobre de um Sacerdote, entre fartos banquetes da alta sociedade, mas fadado a uma vida de trai??o e desgosto, até a de um Guerreiro, repleto de glórias e belas mulheres, mas destinado a lutar pela eternidade. O rapaz desfrutaria dessas benesses “eternas”, desde que uma pe?a de sua alma fosse cedida, sua liberdade.

  Assim continuou até que chegou no sexto caminho onde partículas alaranjadas emanaram.

  — O sexto caminho é ser um servo da luz. Sobre o julgo da única deusa da luz, viverá em reclus?o enquanto combate a escurid?o do mundo, terá que demonstrar grande fidelidade e passará por uma prova??o de sua eterna submiss?o!!! Por qual desses você gostaria de trilhar?

  O garoto se assustou com o que o foi apresentado e repensou seus conceitos.

  Era tudo t?o fantástico e deslumbrante, mas ao mesmo tempo estranho e amedrontador. Nenhuma das possibilidades mostrava uma vida realmente feliz, todos pediam o controle de seu corpo, quando n?o de suas memórias, sentimentos ou emo??es, tudo girava em torno de ceder o controle do próprio destino, o controle de sua vida.

  — Foda... — Pensamentos perturbadores passaram pela cabe?a dele, afinal estava mais atento às entrelinhas do que as ofertas sem si, o que o fez ficar com uma pulga atras da orelha, pois quando olhou com calma e pensativo para os portais, reparou ter uma porta ao lado do terceiro marco, bem no meio deles, o que se sucedeu em uma pergunta.

  — E aquela porta ali? Servo de quem eu sou se escolher ir por ali? — perguntou ao apontar o dedo para a rústica porta que emanava partículas, entre as arestas e lascas na escura madeira desgastada.

  — é... — A garota n?o soube o que responder, trêmula, ficou em dúvida sobre a origem daquela porta e muito menos sobre servo de quem ele seria ao adentrá-la.

  — Essa porta!!? é- é- é por onde eu cheguei! — falou repentinamente.

  — Aé... — semi fechou os olhos e arqueou uma sobrancelha. — Eu posso entrar ali ent?o? — perguntou sorrateiramente.

  — N?o! é... quero dizer, na- n?o pode, porque... aquele lugar n?o tem Oxigênio! Ent?- o você n?o conseguiria respirar lá! Sim, sim, sem ar! sem respira??o!

  — Oh... entendo.

  A desculpa que desastrosamente inventou de última hora, pelo visto havia colado, pois o viu desviar o olhar cabisbaixo para os portais e n?o a questionou mais.

  Tossiu. — Ent?o… Você está indo para um mundo totalmente novo, uma realidade totalmente diferente daquilo que conheces, é necessário para sobreviver em tal terra hostil, ter a prote??o de um dos deuses.

  Surpreso e ao mesmo tempo desanimado com tudo ao qual estava sendo apresentado além de pensativo com a própria morte, tudo que ouviu até aquele momento tornou-se difícil de digerir.

  — Tenho tempo pra escolher qual caminho eu vou? N?o tem limite de tempo n?o, né? — perguntou.

  — Claro que n?o! Leve o tempo que quiser, estou aqui somente para te guiar, a escolha sobre para onde ir, quem faz é você! Demore o tempo que quiser. — Respondeu sorridente e se afastou, o deixando sozinho pensando.

  — Se eu quiser ir para esse mundo eu preciso passar por esses caminhos… se eu escolher a terceira porta vou perder meu... e como assim tenho que escolher esses portais pra reencarnar no outro mundo? Reencarnar em outro mundo, outro mundo… seria um? N?aao! n?o pode ser que eu estou em uma situa??o clichê dessas! Ou pode?

  — Mas espera, ent?o eu vou pra outro mundo mesmo!? Bem... de que adianta uma segunda chance? receber uma notícia feliz, logo depois de uma péssima!? porra, queria voltar pra casa, nunca mais vou ver meus pais…

  Parou por alguns minutos e lamentou a morte, tanto momentos tristes quanto animadores eram despejados em suas lástimas o que n?o ficou recluso somente a si, pois entre solu?os e sussurros, a mocinha ali ao lado observava o retrair de seu semblante, para uma externa depress?o.

  — Oi… está tudo bem? — perguntou inquieta, pensando que o menino n?o havia entendido o que acabou de explicar.

  — Eei! Está me ouvindo!? — indagou, balan?ando a m?o em frente a seu rosto.

  — O- oi! Me desculpe, acabei… viajando um pouco… — Envergonhado com a falta de aten??o, voltou a si com um sorriso constrangido. — O que você estava dizendo?! — perguntou co?ando a nuca, ainda estava duvidoso sobre sua atual situa??o.

  Com um sorriso meigo no rosto, ela o perguntou — Você está confuso, n?o é? Sabe, primeiro fale seu nome, n?o acho legal continuarmos sem nos conhecermos, n?o é? Esse ofício de “mensageiro da morte” também é difícil para mim, hehe!

  — Claro! Me chamo Miguel, e você? Como se chama?— perguntou ao passo que estendeu a m?o para ela.

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  — é um prazer te conhecer Miguel! Eu me chamo Isabella. — se aproximou e apertou a m?o dele.

  Rapidamente aquele sorriso meigo, deu espa?o a uma risada alegre e Isabella puxou Miguel o deixando em pé.

  O pequeno que acabara de levantar após uma crise sentimental e emocional, sentiu-se tonto em um primeiro momento e cambaleou um pouco antes de firmar-se com os pés no ch?o.

  — O prazer é todo meu Isabella, ent?o… o que exatamente é esse outro mundo? A falta de informa??o sobre pra onde eu vou, está me enchendo de dúvidas. — Complementou colocando uma m?o no cabelo com um dos olhos fechados.

  — Bom, isso seria explicado pelos deuses do caminho... mas como você perguntou, vou ter que lhe explicar. — Isabella com o virar de seus olhos para o lado e o inclinar da cabe?a, demonstrou n?o se sentir bem em explicar, sua face foi tomada por um olhar de preocupa??o, porém, o fez.

  — Esse mundo é algo diferente de sua realidade. Esse é o mundo que só os bravos e corajosos cruzaram, um exemplo; você nunca deve ter visto pessoalmente os animais que na terra s?o tachados como míticos e inexistentes. Refiro-me a Drag?es, Feras Humanas ou até mesmo Almas penadas que andam sem rumo pela desola??o, os vagantes?

  Com um aceno, respondeu.

  — Ent?o, nesse mundo elas existem, n?o somente elas, como também vários mitos diferentes e inacreditáveis de se ver e tocar, para alguém que vem do seu mundo.

  Os olhos de Miguel brilharam, demonstraram certa surpresa com qu?o admirável seria esse, se fosse realmente assim.

  — A mana, um poder natural que flui sobre sua superfície, faz com que acontecimentos indescritíveis estejam presentes por todos os lugares, desastres e catástrofes sobrenaturais s?o paradas com um estalar de dedos, grandes planícies de jóias, ouro e pratas que parecem terem sido feitas, est?o por todas as partes, Leis quais seus iguais dizem ser imutáveis, podem ser alteradas.

  A cada palavra que ouviu, mais interessado ficou no que lhe foi apresentado.

  — Também a jazidas inesgotáveis de tudo que se pode imaginar. Alguns viajantes que por aqui passaram batizaram ò com o nome de Ibéria, esse nome foi trazido por pessoas de lugares distintos, aliás nunca vi pessoas t?o fascinada em misticismo.

  — Enfim, o nome acabou pegando e muitos lá o usam, esse é o mundo para o qual você está indo, Ibéria — Ao levantar o dedo enquanto franzia as sobrancelhas, refor?ou e apontou para Miguel que ficou t?o perplexo com tudo aquilo que n?o sabia como ou o que responder.

  O que lhe fora falado era igual uma fantasia, um sonho ou pesadelo se olhar de forma mais realista.

  Porém, essa alegria de pobre durou pouco, seu cora??o continuou a amargar com um sentimento difícil de engolir, Saudades.

  — Se anime Miguel, se anime! — Gritou em pensamento e dando alguns tapas no rosto, tentou se animar.

  — Bom, eu n?o posso voltar, se estou indo para outro mundo, preciso de uma garantia... — Se agachou.

  — Nah… isso n?o vai dá certo, os caminhos por si só n?o s?o bons, mas é impossível deixarem isso passar… mas fica ainda mais estranho com cada um pedindo algo específico mas mesmo a imortalidade do caminho das sombras é inútil contra um fósforo… tem parada errada aí merm?o. — Olhou para o ch?o com a m?o no queixo e seriamente refletiu sobre isso, mas uma reviravolta se deu e criou coragem, se decidiu em seguir por um dos caminhos.

  — Por favor, que eu esteja certo! — Cruzou os dedos e logo falou — Certo, entendi o que é esse mundo e agora faz todo sentido a existência dos caminhos, mas... tem como me falar uns negócios? — perguntou com a cabe?a baixa.

  — Claro! — Isabella respondeu sorridente.

  — Ent?o, eu ganho algo a mais caso escolha algum dos caminhos? N?o é por ganancia nem nada do tipo, estou perguntando só porque as explica??es s?o vagas, me diz que eu sou imortal, mas como imortal? se eu posso morrer se acenderem um fósforo perto de mim.

  Ela o olhou com dúvida após aquela afirma??o.

  — é... n?o entenda errado, estou falando de uma ajuda, algo que me permita se defender, sabe? Uma espada Inquebrável, uma jarra de água infinita, uma roupa n?o suscetível a cortes e perfura??es, uma sombrinha…? — perguntou contraído e balan?ando as m?os, envergonhado por tal.

  — Um? Tinha algo assim? Julgo que sim... mas n?o lembro direito, Se n?o me engano foi um tal de Salim que tinha me perguntado a mesma coisa, n?o foi? — Ela tentou se lembrar, assim franziu o rosto e cruzou os bra?os.

  — Diz que sim! Diz que sim!

  Sua mente rogava por isso, cruzou os dedos e fechou os olhos ao se levantar, pois aquela resposta decidiria seu futuro.

  — á! — Isabella bateu as m?os quando se lembrou — Como pude me esquecer disso!? Sim, Existe! — respondeu com o juntar das m?os, com um sorriso no rosto e o olho direito fechado.

  — Aeeeeee!

  Os pensamentos quase saltaram para fora e em sua mente, mesmo que tomada pelo sentimento de dor, estava muito animado.

  — Ufa! Que bom! — Se acalmou, deu um sorriso tímido.

  — Er… bem, como posso lhe falar… — Na vida n?o existe almo?o grátis e Isabella teve que dar uma notícia que o faria ficar pensativo novamente, considerando se realmente n?o seria vantajoso virar um tatu. — Eu n?o ficaria t?o alegre sobre isso. — No momento em que ela se manifestou ao cruzar os dedos com os polegares para cima, Miguel, que estava dando alguns pulinhos de alegria junto ao macaco baterista em sua mente, com um sorriso estampado no rosto, teve suas express?es novamente congeladas e sentiu haver algo vindo pela frente.

  — N?o fique t?o cabisbaixo, é que... isso é algo que os deuses ordenaram, só será dado a quem perguntar, ent?o n?o é algo que eu possa falar, abertamente e ninguém nunca perguntou sobre a alguns anos já, ent?o tinha realmente me esquecido! Hehe…— Constrangida, olhou para os lados co?ando a cabe?a e com um sorriso desajeitado de tanta vergonha, tentou o reanimar ao perceber teló desanimado.

  — Digo é por quê a todos aqueles que cobi?am algo a mais do que os deuses oferecem, será concedido um desejo aleatoriamente, n?o se sabe ao certo o que você irá ganhar, você simplesmente vai ganhar algo. — Miseravelmente procurou amenizar a situa??o instaurada pela própria falta de senso, porém falhou logo que completou — Eu tento n?o lembrar disso, pois já vi muitas pessoas que tiveram o azar de n?o serem nem um pouco ajudadas, poucos dos muitos que vem de sua terra, fizeram essa pergunta e tudo o que restou para aqueles que foram para Ibéria após isso, é carregar consigo uma maldi??o e inevitavelmente andar lado a lado da morte.

  — … — Miguel colocou a m?o direita sobre o rosto e abaixou a cabe?a, virou para o lado com o susto que tomou.

  Isabella observou a rea??o e tentou se aproximar para desfazer o que foi feito, porém, o garoto n?o conseguiu digerir mais aquilo que acabará de ouvir, ent?o para poder raciocinar um pouco sobre a enrascada que estava preste a entrar, ergueu a outra m?o na dire??o dela com a palma aberta.

  — Pare! N?o se preocupe, entendo que se tem problemas nisso, só me deixa pensar um pouquinho, posso acabar sendo morto se escolher o caminho errado agora, n?o quero escolher algo só para passar por problemas. — Falou aflito, com um grande pesar em sua voz, olhou para o ch?o e colocou as m?os na cabe?a, refletiu sobre todas as op??es que lhe foram dadas podendo as inevitavelmente o matar.

  — é uma decis?o difícil, n?o irei te pressionar sobre isso, caso queira posso tirar outras dúvidas que tenha. — Cabisbaixa após ouvi-lo, ficou ainda mais triste, mas quis o mostrar estar ali como um apoio.

  — N?o, n?o precisa, essa quantidade de explica??es já é o suficiente, se eu perguntar e tiver mais alguma “puni??o” eu vou acabar é ficando aqui mesmo, se der…

  — Te desejo sabedoria em sua escolha. — Sem jeito entre o balan?ar do corpo com a cabe?a abaixada, desejou boa sorte, pois compreendeu ser uma decis?o muito difícil de se tomar, moveu-se um pouco para trás e deu-lhe um pouco mais de privacidade.

  — Obrigado. — Miguel sentou-se após ouvir aquilo, cruzou as pernas e com as m?os nos joelhos analisou a própria situa??o.

  No momento em que se aprofundou em seus pensamentos, se perguntou o que era mais vantajoso:

  — N?o vou ganhar muito como um servo desses caras, ent?o por que eu iria pra lá?’

  — Mas, também n?o quero jogar tudo pra cima... se eu n?o escolher nada, o que será que acontece comigo? Que estranho. Eu queria ter vivido por mais tempo...

  — Acho que desejar morrer n?o foi uma boa ideia... — Demonstrou uma profunda tristeza ao terminar.

  — Porra! eu n?o consegui o que queria nem mesmo dando todo o meu suor! queria muito ter conseguido antes de morrer, será que eu fiz algo muito ruim pra n?o ter tido ou eu só n?o merecia?’— pensou e pensou, tanto que acabou com o corpo esmorecido, a cada pergunta que se fazia, quanto mais se questionava, mais se desanimava.

  Mesmo tendo nas m?os uma oportunidade de realizar um sonho que nem mesmo os mais saudosistas e fanáticos conseguiram, duas coisas n?o o deixaram tomar essa decis?o que o tornaria um “digno” protagonista de sua nova história, a raz?o e principalmente a solid?o.

  Porém, ainda que triste, n?o se abalou totalmente, bufou e bateu forte em seu peito e com alguns tapas no rosto, come?ou a reorganizar os pensamentos.

  — Bem, só de pensar em viver num mundo de fantasia, qualquer um já aceitaria na hora. Mas n?o posso vacilar, n?o quero me dar mal, o que vai ser de mim lá? — Envolto em questionamentos, numa pequena bolha de seus raciocínios superficiais, chegou a demonstrar certa categoria de delírio, tendo algumas poucas conversas consigo mesmo e nisso, n?o muito longe uma voz estranha surgiu e desencadeou um clima pesado naquele lugar, uma áurea come?ou a se espalhar, uma voz borrada, a voz de um velho acompanhou um estado de paralisia dele.

  — Finalmente o achei.

  Isabella n?o havia escutado, mas pressentiu pelo clima que mais alguém estava ali, firmou o corpo em posi??o defensiva.

  — Você, O que pensa que está fazendo? — A pergunta se propagou por todos os lados.

  Ao ouvir aquela voz que vinha de todas as dire??es, olhou para os lados, porém rapidamente essa impress?o passou ao ver que n?o havia mais ninguém ali além dela e Miguel.

  — Devo estar delirando — ponderou aquele fen?meno e voltou a uma posi??o confortável, observando os devaneios do garoto, até que, o malfadado deslize a fez sofrer as consequências pela ponta de um negro solado bico largo de couro que levou em seu rosto.

  Jogada longe com o chute que recebeu, quicou em rodopios por mais alguns metros até que caiu de vez sobre a neve.

  — Eu disse, o que pensa que está fazendo!? Sua aberra??o! — A figura imponente se mostrou, trajado com um fino terno sem gravata, coberto por um sobretudo cinza grafite. Cabelos curtos e grisalhos de alto porte e corpo musculoso, olhos dourados e um longo bigode cobrindo a boca.

  — Mas qu- — Tentou se levantar desorientada, a vis?o ficou turva e as pernas falharam, o que n?o a permitiu se firmar em pé e logo em seguida levou outro golpe a tempo de n?o conseguir se equilibrar.

  O senhor que estava muito distante, olhando-a com significativa raiva no rosto, saltou em sua dire??o e junto a um movimento do corpo em uma pose de arremesso, desferiu em um angulo ascendente com o punho esquerdo cerrado no abd?men da garota. Um soco t?o forte que o vento entre eles se partiu, o impacto no corpo dela, gerou uma onda de propaga??o que afastou toda a neve ao redor deles.

  — Qu- — Isabella n?o teve tempo de rea??o, seu intestino sofreu gravemente o que a fez vomitar, algumas de suas costelas come?aram a rachar com o choque e seus olhos se reviraram em agonia enquanto para as alturas era enviada.

  — Q- Quem diabos? — Em constante agonia, às escuras de sua vis?o turva, tentou loucamente reformular o que estava acontecendo ao tempo que o arco de sua trajetória come?ou a torcer para baixo. A aura que sentiu, a voz que ouviu, o horripilante aroma que exalava da energia circundando a figura.

  — Desgra?ado! — gritou a garota que se contorcendo em raiva, revirou o corpo com os dentes cerrados em dire??o a figura que n?o enxergava. — Como se atreve!? — Um par de asas prateadas apareceram em suas costas, pequenas, consistiam em duas asas grandes de cor prata brilhante acima e outras menores, cinzas e desbotadas. A imponência delas, a fazia destoar do ambiente com os raios de luz que emitiam — A me atacar!? — Rapidamente sua trajetória parou e come?ou a pairar no ar, sua mente estava insegura, mas seu corpo clamava por um revide.

  O senhor observou a planar, uma ligeira surpresa adveio a mente e dúvidas surgiram ao olhar para aquelas pequenas asas reluzentes, a aura que delas emanava destoava da energia presente na figura a quem acompanhavam.

  — Diga-me, tu és um caído? — Perguntou olhando para o mover descontrolado das duas energias que ela continha.

  — O que!? Ca- Caído!? Co-como!? O que está falando seu Louco!? — indagou aos berros, a pergunta bagun?ou sua mente e a raiva ainda estava lá, porém foi jogada de escanteio depois de balan?ar a cabe?a. — O que esse cara quer!?

  — RESPONDA-ME! — Uma forte e intensa aura tomou conta do local, a vis?o turva da garota se viu avermelhada por alguns segundos e a press?o a fez ficar trêmula e ligeiramente perder o equilíbrio.

  — Na- N?o! — gritou.

  — Ent?o me diga, onde conseguistes essas asas?

  — Mas quê!? — aquilo n?o fazia sentido.

  — Co- Conseguir? Como assim!? Eu nasci com elas!! — respondeu ao abrir os bra?os e m?os indignada, os nervos dela estavam a flor da pele, além de perplexa, esse foi um questionamento que nunca pensou que ouviria em sua vida.

  — Ent?o você é prole deles, mostre-me sua verdadeira face dem?nio! — gritou em fúria, palavras acompanhadas de um peso do ar em toda aquela regi?o, a energia que emanava foi moldada de um branco quase invisível, para uma onda circular dourada com um brilho ofuscante que fez os olhos da garota sangrarem.

  Um curto e rápido pensamento que se veio à cabe?a dela, antes de a turva imagem dourada em sua frente, desaparece. — U- Um Anjo!

  Uma escurid?o em sua vis?o se formou e repentinamente seu redor se encandeceu, sangue come?ou a escorrer de seus lábios, sua pele queimava, seus ossos se despeda?aram e sua vis?o apagou após ouvir as palavras daquele ser poderoso que enfrentava.

  — Morra.

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