A cidade nunca dormia completamente, mas para Onnerb, a noite era o único momento de verdadeira liberdade. Desde pequeno, ele aprendeu que as sombras podiam ser um refúgio e uma armadilha ao mesmo tempo. Vagando pelas ruas de S?o Paulo, ele evitava os olhares atentos de policiais, mantinha distancia de becos muito silenciosos e se esgueirava entre os edifícios como um fantasma.
Naquela noite em particular, ele apenas queria se distrair. Depois de um dia difícil, onde teve que fugir de um comerciante furioso por ter pegado comida de uma barraca, decidiu caminhar sem rumo. Gregor, seu velho protetor, já estava adormecido, e os outros moradores de rua estavam recolhidos sob suas cobertas improvisadas. Onnerb seguiu sem pressa, atravessando vielas conhecidas e explorando novas rotas, deixando o vento frio da madrugada aliviar a tens?o em seus ombros.
Ao virar uma esquina, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. N?o havia nada de incomum ali, apenas um beco estreito e escuro como qualquer outro. Mas algo parecia… errado.
Foi ent?o que ouviu o som. Um estalo abafado, como o impacto de um corpo contra a parede. Um grunhido rouco. E ent?o, um brilho cortou a escurid?o como um raio prateado.
Onnerb se escondeu atrás de uma pilha de caixas velhas e observou a cena. No meio da viela, uma garota se movia com uma precis?o sobrenatural. Seus cabelos prateados brilhavam sob a luz da lua, e em suas m?os, uma lamina de energia vibrava como se fosse feita de trov?es condensados. Diante dela, uma criatura que Onnerb jamais vira antes. N?o era humano. Tampouco parecia um animal. Sua forma era indistinta, envolta em sombras, como se a própria escurid?o tivesse ganhado vida. Garras afiadas brilharam na luz trêmula do beco.
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Onnerb sentiu seu corpo se enrijecer. Seu cora??o batia forte contra o peito. O instinto lhe dizia para fugir, mas algo mais profundo o impedia de se mover. Ele n?o sabia o que aquela criatura era, mas percebeu que a garota estava em desvantagem. O monstro avan?ou, e ela cambaleou ao bloquear o golpe. Seu corpo tremia, sua lamina pulsava fraca.
Sem pensar, Onnerb se lan?ou para frente.
Ele deslizou sob o ataque do inimigo e desferiu um chute ascendente que atingiu a criatura no queixo. O impacto ecoou, e a coisa recuou. Mas n?o foi o suficiente. O ser das sombras rugiu, seus olhos brilhando de fúria. Em um piscar de olhos, ele atacou de novo. Onnerb mal teve tempo de erguer os bra?os.
Foi quando sentiu o golpe. A dor explodiu em seu peito, roubando-lhe o ar. Seu corpo foi lan?ado para trás, colidindo contra a parede do beco. Seu campo de vis?o escureceu, e suas for?as se esvaíram rápido demais.
Antes de perder a consciência, seus olhos captaram um último vislumbre da cena. A garota misteriosa, erguendo sua lamina brilhante. O monstro das sombras rugindo em desafio. Ent?o, com um único golpe, ela atravessou a criatura.
Um clar?o. Um grito inumano. E ent?o, apenas o silêncio da noite.
Tudo se apagou.
Apenas o som distante da chuva come?ando a cair permaneceu, ecoando suavemente pelas ruas vazias da cidade.