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O Fracassado da Vila Tianlu

  A brisa da manh? soprava suavemente sobre a Vila Tianlu, trazendo consigo o aroma fresco das montanhas e o som distante das espadas se chocando. Era mais um dia comum para os moradores daquele canto esquecido do mundo — exceto, talvez, para Li Tian.

  Ele ofegava, curvado sob o peso de dois baldes de água. Seus pés descal?os deslizavam na lama da trilha de pedra, e as m?os feridas tremiam a cada passo. Mesmo assim, ele continuava.

  Ao cruzar os port?es do Cl? Bai, foi recebido por olhares indiferentes e risos abafados. Nada disso o surpreendia. Afinal, em um mundo onde o cultivo espiritual era tudo, ser alguém sem raiz espiritual era o mesmo que ser… nada.

  — Você está atrasado — rosnou uma criada do cl?, pegando um dos baldes com desdém. — O jovem mestre n?o gosta de esperar.

  Li Tian apenas assentiu, sem palavras. Palavras, ele aprendera, n?o mudavam nada.

  Enquanto esfregava roupas no rio do pátio, sua mente voava. Ele sempre imaginava como seria ter poder. Como seria sentir a energia espiritual fluindo por suas veias, moldando o mundo ao seu redor. Mas essas eram apenas fantasias de um tolo.

  Naquela noite, após cumprir todas as tarefas humilhantes que lhe eram impostas, Li Tian escapou para seu refúgio: uma colina silenciosa atrás da vila. Sentou-se sob uma árvore solitária e encarou o céu estrelado.

  — Por que eu nasci assim…? — murmurou para si mesmo. — Eu n?o pedi por isso. Mas se existe um caminho… qualquer caminho… eu o encontrarei.

  Foi ent?o que viu. Um brilho fraco, pulsando entre as árvores distantes, como se algo chamasse por ele.

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  Movido por um impulso que ele mesmo n?o compreendia, Li Tian seguiu a luz até uma fenda escondida entre raízes grossas e musgo antigo. Com esfor?o, espremeu-se por ela e encontrou uma caverna oculta.

  O ar ali era denso, carregado de algo antigo. No centro da caverna, repousava uma lamina quebrada cravada em uma pedra. Sua superfície negra pulsava suavemente com uma luz azulada. Era bela… e estranhamente viva.

  Li Tian se aproximou, os olhos fixos na espada.

  — O que é isso…? — sussurrou.

  Ao tocar a lamina, uma explos?o de energia o envolveu. Ele caiu de joelhos, o corpo tremendo, a mente se despeda?ando como vidro.

  Tudo escureceu.

  E ent?o, ele viu.

  Um campo de batalha em ruínas. Céus vermelhos como sangue. Milhares de corpos, deuses e dem?nios, caídos em silêncio. E no centro, uma figura gigantesca de armadura dourada, envolta em chamas negras.

  — Você me despertou… — disse a voz, poderosa como um trov?o.

  Li Tian tentou falar, mas n?o conseguiu. A presen?a o esmagava, como se estivesse diante de um ser que n?o pertencia a este mundo.

  — Eu sou Yu Shen — disse a figura. — Um deus traído e esquecido. Há milênios selado… e agora, libertado por um mortal insignificante.

  A risada que se seguiu era amarga, mas cheia de curiosidade.

  — E mesmo assim… há algo em você. Uma vontade que nem mesmo os céus ousam ignorar.

  A figura se aproximou, e Li Tian, mesmo ajoelhado, tentou manter o olhar firme.

  — Fa?amos um pacto, garoto — disse Yu Shen. — Você me ajuda a recuperar meu poder… e eu lhe darei o caminho para ascender acima de todos. Inclusive os deuses.

  Li Tian hesitou. Mas só por um momento.

  — Eu aceito.

  O selo foi feito.

  Naquele instante, um fragmento de poder divino entrou em seu corpo, queimando suas veias, marcando sua alma.

  Li Tian gritou.

  Mas quando a dor passou, algo dentro dele havia mudado.

  Ao sair da caverna, o céu ainda estava escuro. A lamina quebrada agora repousava em sua m?o, pulsando como se tivesse encontrado seu verdadeiro dono.

  E pela primeira vez em sua vida…

  Li Tian sentiu poder.

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